Quando começamos a programar e aprendemos as primeiras estruturas lógicas de uma linguagem de programação, ficamos maravilhados com o poder que adquirimos, e isso nos faz sentir que somos verdadeiros alquimistas em busca da pedra filosofal. Até que descobrimos que nem tudo o que reluz é ouro.
Durante os últimos anos, o mundo vem passando por novas revoluções sociais e tecnológicas, e ainda não sabemos onde tudo isso vai dar. A informação descentralizada deu um nível de poder aos indivíduos nunca visto antes. Qualquer jovem hoje em dia consegue “aprender a programar” em uma semana, nem que seja apenas um “hello-world”. Além disso, temos o advento do trabalho remoto, que hoje podemos dizer que é uma realidade. Na empresa em que trabalho por exemplo, atuo em times de várias regiões do Brasil e do mundo.
Mas, como dito no começo, nem tudo o que reluz é ouro, e com o advento das inteligências artificiais e ferramentas de low-code, vejo um certo desespero no rosto de profissionais da nossa área. Talvez seja melhor ir vender minha arte na praia! Pensão eles! Podemos dizer que nossa profissão está com os dias contados?
Não! Não acredito nisso.
O que vejo no futuro neste sentido é a extinção de um tipo não muito raro na nossa área: o digitador de código, vulgo “Tarefeiro”. Este é aquele tipo de profissional que não se importa com o que está codificando, ele apenas puxa uma tarefa no Jira, codifica e manda para o QA. Este tipo, com certeza, está em sérios apuros com a ascensão das inteligências artificiais, pois não há nada que ele faça que uma inteligência artificial bem treinada não faça muito mais rápido e por 1/10 do custo. Podemos dizer então que o código por si só virou ou vai virar em breve uma simples commodity. Nos próximos anos, acredito que veremos cada vez mais inteligências artificiais geradoras de código-fonte de software. Se isso acontecer, teremos uma mudança total de como os programas são desenvolvidos, principalmente pela capacidade de identificar padrões, entender requisitos e gerar códigos automatizados com precisão, eficiência e rapidez.
Isso gera inúmeras vantagens para a indústria de desenvolvimento de software. Acelera o processo de desenvolvimento, gerando códigos em segundos, o que antes exigia horas ou dias para serem escritos manualmente. Além disso, as inteligências artificiais podem ajudar a minimizar erros e inconsistências, melhorando a qualidade do software produzido como um todo. Acredito também que a inteligência artificial como geradora de código-fonte permite a criação de soluções personalizadas de forma mais ágil. Com base em um conjunto de requisitos, a inteligência artificial pode criar automaticamente o código necessário, adaptando-se às necessidades específicas de cada projeto.
Depois de tudo isso, você está preocupado?
Se a inteligência artificial vai substituir os programadores e profissionais de TI em geral, esse é um tema amplamente debatido nos dias atuais. No entanto, embora a inteligência artificial tenha evoluído bastante nos últimos anos, ela ainda possui grandes limitações que precisam ser consideradas. Como qualquer máquina, elas têm se mostrado extremamente eficientes na automatização de tarefas repetitivas e na simplificação de algumas etapas do desenvolvimento de software. Ela pode ajudar na geração automatizada de código, realizar testes de forma mais eficiente e até mesmo sugerir soluções para problemas específicos. No entanto, a criação de software envolve muito mais do que apenas escrever código.
Nós, programadores, não somos apenas responsáveis por traduzir requisitos em código, mas também por entender o contexto do problema, tomar decisões de design, considerar a escalabilidade e a eficiência do sistema, entre outros aspectos. A criatividade, o pensamento crítico e a capacidade de resolver problemas complexos são habilidades fundamentais de um programador que ainda não podem ser completamente replicadas por uma inteligência artificial.
Além disso, a programação também envolve a necessidade de entender regras complexas de negócio e interações humanas (ok, programadores também não são bons com humanos! kkkkkkkk). Normalmente, trabalhamos em equipes, colaborando com outros profissionais para criar soluções integradas e abordar desafios multifacetados. A habilidade de comunicação e trabalho em equipe é fundamental nesse contexto, algo que a inteligência artificial ainda não consegue replicar. Então, embora a inteligência artificial possa automatizar certas tarefas e facilitar a vida dos programadores, a substituição completa de um profissional humano ainda parece improvável no momento.
Neste sentido, como profissionais que somos, não podemos negar a realidade. As inteligências artificiais estão aí e chegaram para ficar. Negá-las é suicídio para a carreira. Com isso, precisamos nos adaptar a esta nova realidade em que a inteligência artificial existe e pode ser uma ferramenta poderosa para auxiliar e aprimorar o nosso trabalho. Mas é a combinação do conhecimento humano, criatividade e habilidades técnicas que permite criar soluções complexas e inovadoras.
É possível que no futuro a inteligência artificial continue evoluindo e desempenhe um papel cada vez maior no desenvolvimento de software, mas também é provável que a colaboração entre humanos e inteligência artificial seja a abordagem mais eficaz, aproveitando o melhor de cada um para obter resultados excepcionais. A inteligência artificial pode ser uma aliada valiosa para os programadores, mas substituí-los completamente ainda é uma perspectiva distante.
Então, nesse ponto, nada ainda substitui o velho cérebro humano. E no dia em que isso acontecer… aí é skynet e o mundo acaba…
Você está preparado?